quinta-feira, 9 de abril de 2009

Preparando a Celebração da Páscoa Parte IV - Sexta-feira Santa



Sexta-feira Santa: celebração da Paixão do Senhor

Na Sexta-feira Santa a Igreja celebra a Paixão do Senhor. Nesse dia não há missa, mas apenas a comemoração da paixão e morte do Senhor. Essa atitude de respeito pelo jejum eucarístico, abstinência, tristeza e silêncio é vivida na esperança da ressurreição.

Ao celebrar a Paixão do Senhor, a Igreja contempla Cristo que, morrendo se oferece como vítima ao Pai, para libertar toda a humanidade do pecado e da morte. Esse mistério da salvação dos homens pela morte do Filho de Deus se apresenta como uma loucura para quem vive numa sociedade marcada pelo consumo, pela produção, pelo sucesso e pelas glórias passageiras. Porém, como disse o apóstolo, o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e que fraqueza de Deus é mais forte do que os homens (1Cor 1,25).


A celebração está estruturada em quatro partes:
a) Paixão proclamada: Liturgia da Palavra
A Liturgia da Palavra da celebração da Paixão do Senhor apresenta o cântico do servo de Javé, o Cristo sofredor que assumiu nossas dores, curando-nos do sofrimento por meio de suas chagas (Primeira leitura – Is 52,3 – 53,12); Ele ofereceu sua vida pela remissão dos nossos pecados. A sua morte é vida para todos nós, pecadores, que peregrinamos na esperança rumo à terra prometida, onde haverá respeito pelos direitos da pessoa, solidariedade, justiça e paz. O servo de Javé, sofredor, é o Sumo Sacerdote que nos dá segurança de alcançar a misericórdia de Deus no momento oportuno (Segunda Leitura – Hb 4,1-16; 5,7-9); Ele é o mediador que sabe entender nossas debilidades, pois passou por elas, menos o pecado; Ele é a aquele que viveu plenamente a virtude da obediência; por isso, nos diz o apóstolo: Deus o exaltou soberanamente e lhe conferiu o Nome que está acima de todo nome, a fim de que ao nome de Jesus todo joelho se dobre nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua proclame que Jesus Cristo é o Senhor, para a glória de Deus Pai (Fl 2,9-11). No Evangelho temos a narração dramática da Paixão não somente como um fim trágico da vida de Cristo, mas como o caminho de sua glorificação, para atrair todos para junto d’Ele .

Ao lado de Jesus, ao pé da Cruz, estava presente Maria, sua Mãe, solidária com o Filho e com a humanidade que sofre por causa da prepotência e da ambição daqueles que se sentem senhores e donos do mundo. Proclamar e celebrar o acontecimento da Paixão é tornar-se partícipe e receber a força da cruz de Cristo, para não deixar ninguém às margens das possibilidades de viver com dignidade.

b) Paixão Invocada: Solene Oração Universal
Ao celebrar a paixão de Cristo, a Igreja abre os braços e o coração para acolher a humanidade e realizar uma oração de intercessão pela salvação do mundo. Assim, em nome de Cristo e por meio d’Ele, a Igreja se dirige ao Pai para apresentar suas intenções pedindo pela santidade e unidade da mesma igreja, pelo papa, por todas as ordens e categorias de fiéis, pelos catecúmenos, pela unidade dos cristãos, pelos judeus, pelos que não crêem no Cristo, pelos que não crêem em Deus, pelos poderes públicos e por todos os que sofrem provações. Nestas intenções toda a humanidade é assumida e trazida aos pés da Cruz, na qual Cristo morreu.

c) Paixão venerada: Adoração da Cruz
A liturgia está centrada no mistério do sacrifício de Cristo. Esta é a razão pela qual a Igreja apresenta a cruz para a adoração dos fiéis. Não se trata de uma adoração à madeira da cruz de madeira, mas à pessoa de Cristo crucificado e o mistério significado por sua morte em favor de todos nós. Mesmo sendo um momento em que comemoramos a morte de Cristo, a liturgia nos recorda que Ele está vivo e ressuscitado entre nós.




A cruz é sinal da vitória de Cristo que derrotou a maldade; é a expressão máxima do amor do Pai (cf. Jo 3,16); é a árvore da Vida, cujo fruto abençoado nos faz viver eternamente. Na Cruz de Cristo está o projeto de morte de todos os males que causam sofrimento à humanidade. A Cruz de Cristo é sinal de libertação e de salvação.

d) Paixão Comungada: Comunhão Eucarística
O momento da comunhão expressa nossa profissão de fé no Cristo que está vivo e que, pela comunhão sacramental, nos torna um só corpo com ele. Comungando Cristo, comungamos seus sentimentos, ao se entregar livremente ao Pai, e comungamos a vida nova que surge desse gesto salvífico. Portanto, comungar é comprometer-se em viver e dar continuidade ao projeto salvífico de Cristo, entre os irmãos e irmãs de caminhada.

Terminada a celebração da Paixão do Senhor a comunidade deve continuar a vivência do Tríduo Pascal. Para isso, recomenda-se a meditação, o silêncio e a reflexão diante do túmulo de Jesus, que morreu e desceu à mansão dos mortos. Ou seja, trata-se de vivenciar a solidariedade de Cristo com todos os mortos, da mesma maneira que Ele foi solidário com todos os vivos. Isso quer dizer que, Cristo é o salvador de todos, em todos os tempos e lugares. Sua morte se deu de uma vez para sempre, como expressão máxima do amor pela humanidade.

Pe. Nivaldo Feliciano Silva, cs


Imagens: www.sobrenatural.org
http://nossoserido.blogspot.com

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