sexta-feira, 10 de abril de 2009

Preparando a Celebração da Páscoa V - Sábado Santo


O Sábado Santo e a Vigília Pascal

O Sábado Santo é um dia para ser vivido numa profunda atitude de silêncio, dia de retiro. Neste dia, Cristo desceu à mansão dos mortos para assumir o destino da humanidade. Assim, fez-se solidário conosco até o fim. Ele desceu à região dos mortos para sair de lá vitorioso e a abrir um caminho de esperança para todos nós. O Sábado Santo é também um dia de jejum eucarístico, na espera ressurreição do Senhor. Neste dia não se celebra a eucaristia, e a comunhão só pode ser dada como viático, ou seja, àqueles que estão enfermos e impossibilitados de sair de casa ou em perigo de morte.

A Vigília Pascal deve ocupar o ponto central Ano Litúrgico, isto é, a celebração mais importante na vida do povo cristão. A celebração da vigília pascal foi sendo organizada, aos poucos, por meio de uma vigília noturna realizada do sábado para o domingo. Os cristãos reuniam-se para a celebração e passavam toda a noite lendo as escrituras e a história da salvação à luz do mistério pascal, ou seja, liam os textos referentes à criação, o evento do êxodo, a vida de Abraão, os livros dos profetas (Isaías, Ezequiel...). Dentre os textos lidos, não podia faltar a leitura de Ex 14, que narra a saída do Egito. Durante a Vigília, os cristãos passavam a noite inteira lendo as escrituras, cantando os salmos e fazendo orações e preces.

A Vigília Pascal é a festa em que os cristãos fazem vigília para esperar a luz. O círio pascal é essa luz, símbolo do Cristo ressuscitado que venceu as trevas com sua luz admirável. A Vigília Pascal é a festa batismal. Ou seja, é o momento da incorporação de novos membros ao Corpo de Cristo e de renovação das promessas batismais daqueles que foram batizados para participar do mistério pascal de Cristo. A Vigília Pascal é, sobretudo, festa eucarística. Por isso, cheios de alegria, agradecemos ao Pai que ressuscitou seu Filho, Jesus Cristo, e nos fez participar de sua vitória sobre a morte. Na Vigília Pascal comemos juntos o pão da imortalidade e bebemos o vinho da festa do Reino, na certeza de que um dia será plena para todos.

A celebração da Vigília desenvolve-se ao redor de quatro símbolos que falam, cada um a seu modo, da passagem da morte para a vida: o fogo – luz que vencem as trevas; o livro do qual lemos as narrativas das intervenções de Deus na história do povo de Israel para libertá-lo; a água pela qual fomos salvos; o pão e o vinho repartidos em ação de graças, como sinais da entrega de Jesus ao Pai e da vida nova que veio da ressurreição do Senhor.




Ao redor destes símbolos foram construídos quatro momentos da celebração da noite da Vigília Pascal:

a) Liturgia da Luz: acendimento da fogueira e bênção do fogo, preparação e acendimento do círio com o fogo novo, procissão com o círio para dentro da igreja, acompanhado de incenso aceso, incensação do livro e do círio e proclamação da Páscoa;

b) Liturgia da Palavra: proclamação das sete leituras do Antigo Testamento, cada uma seguida por um salmo responsorial ou cântico bíblico e oração. As leituras são:
• Gn 1,1-2,2: a criação do mundo e do homem;
• Gn 22,1-18 ou 22,1-2.9ª10-13.15-18: O Sacrifício de Abraão, nosso Pai na fé;
• Ex 154,15-15,1: Passagem do Mar Vermelho;
• Is 54,5-14: A Nova Jerusalém caminha para o esplendor da luz do Senhor;
• Is 55,1-11: A salvação é oferecida gratuitamente a todos os povos;
• Br 3,9-15.32-4,4: Fonte de vida e sabedoria;
• Ez 36,16-17ª18-28: Um coração novo e um Espírito novo;

Segue-se:
• Hino de louvor;
• Oração;
• Epístola – Rm 6,3-11: Cristo ressuscitado dos mortos não morre mais;
• Aclamação ao Evangelho: Canto do Aleluia
• Evangelho – Ano A: Mt 28,1-10; Ano B: Mc 16,1-7; Ano C: Lc 24,1-12.

c) Liturgia batismal
• Exortação;
• Bênção da água: o ritual da Semana Santa prevê três possibilidades à escolha: 1) Onde houver batismo: apresentação dos candidatos, exortação, ladainha; oração sobre a água; renúncia, profissão de fé, batismo; renovação das promessas do batismo de toda a assembléia; aspersão do povo com água batismal; oração dos fiéis; 2) Onde não houver batismo, mas só a bênção da água batismal: exortação, ladainha; oração sobre a água; renovação das promessas do batismo de toda a assembléia; aspersão do povo com água batismal; oração dos fiéis; 3) Onde não houver batismo nem bênção de água batismal, mas a bênção de água para a aspersão do povo: bênção da água; renovação das promessas do batismo; aspersão do povo com água benta; oração dos fiéis.

d) Liturgia Eucarística, momento culminante da celebração
• Preparação das oferendas;
• Oração eucarística (com prefácio próprio);
• Ritos de comunhão

É bom lembrar que “toda a vigília seja celebrada durante a noite, de modo que não comece antes do anoitecer e sempre termine antes da aurora do Domingo”. Essa disposição é um convite para que se respeite a profundidade teológica do simbolismo a passagem das trevas para a luz.


Pe. Nivaldo Feliciano Silva, cs



Imagens:
http://lacosazuis.blogs.sapo.pt/arquivo/2006_04.html
http://www.paroquiansconceicao.com.br/Cirio.jpg

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